sexta-feira, 7 de maio de 2010

Chega ao Brasil uma das melhores comédias do ano: Modern Family

No primeiro episódio de “Modern Family”, série que a Fox está estreando no Brasil (segundas, às 22h), o público é apresentado a três núcleos familiares distintos. São eles: um casal que tenta se entender com os filhos, um senhor na faixa dos 60 anos que se casou com uma latina gostosa 30 anos mais nova que ele (e ganhou junto um enteado precoce), e dois gays – um discreto e o outro extravagante – que acabaram de adotar um bebê vietnamita. A princípio, não fica delineada a conexão entre esses grupos. Só ao final do capítulo descobriremos que todos os personagens fazem parte de um único clã – a família moderna do título.
Uma das estreias mais elogiadas da temporada americana, “Modern Family” cativou o público de imediato, tornando-se o maior trunfo do bloco de comédias da ABC. A emissora carecia de programas cômicos, visto que a rival NBC exibe os seriados mais conceituados do gênero, “The Office” e “30 Rock”. Ainda assim, não dava para prever a boa repercussão da nova série, mesmo tendo sido criada por dois veteranos da TV americana, os roteiristas Steven Levitan e Christopher Lloyd (não o ator). Depois de fazerem parte da equipe de “Frasier”, os dois erraram a mão com a sitcom “Back to You”, mas voltaram a se acertar nessa nova empreitada.

Souberam fazer ótimo uso, por exemplo, daquele formato de falso documentário utilizado nas comédias de Ricky Gervais – como se os personagens estivessem sendo acompanhados por câmeras 24 horas por dia. Cientes disso, eles volta e meia encaram os cinegrafistas, preenchendo os silêncios embaraçosos com olhares constrangidos.
Não se trata, porém, de uma comédia da humilhação impiedosa, como é “Party Down” ou a própria “The Office”, só para citar duas atuais. Algo que fica bastante evidente é o desvelo com que a série é feita. Às vezes eles se metem em situações ridículas, às vezes eles se estranham por conta de suas diferenças culturais, sexuais e intelectuais; mas nunca deixam de se importar um com o outro. Esse senso de união é explícito no encerramento dos episódios, que fecham com declarações mais sentimentais e menos escrachadas, onde tudo o que é dito se encaixa lindamente com os vínculos de afeto estabelecidos entre os personagens.

O elenco de “Modern Family” é um capítulo à parte. Cada ator se assenta tão bem no seu papel que fica difícil ou mesmo impossível imaginar outro intérprete na mesma função. Não à toa, foram indicados em conjunto ao SAG, o Prêmio do Sindicato dos Atores, como Melhor Elenco em Série Cômica – aliás, “Modern Family” também descolou indicação ao Globo de Ouro, e deixa grandes expectativas para seu desempenho no próximo Emmy.
O veterano Ed O’Neill pode ter ficado eternizado como o pai de família Al Bundy em “Married with Children”, mas, segundo ele mesmo, “Modern Family” é o trabalho do qual mais se orgulhou de fazer parte em toda a carreira. Como o sessentão que se casa com a jovem latina (a impagável Sofia Vergara), ele contracena com crianças talentosas (como o garotinho que faz seu enteado e aqueles que interpretam os netos) e com atores maduros que nunca tinham conseguido se destacar anteriormente (caso de Eric Stonestreet, que rouba a cena como o gay escandaloso Cameron, e Ty Burrell, perfeito como o marido que faz de tudo para agradar a todos).

O mais bacana em “Modern Family” é justamente isso: todos tem a chance de brilhar. Todos serão aproveitados, todos terão um momento só seu, todos terão oportunidade de contracenar uns com os outros. Por isso é complicado escolher qual dos enredos é mais atraente: os três se emparelham no nível de qualidade, em termos de texto e atuação.
Também é notável que o roteiro não caia em repetições, apesar das tramas girarem com frequência em torno de detalhes da personalidade de cada um (a exuberância da latina, os exageros do gay, a carência do esposo dedicado etc). É bastante significativo, ainda, que uma série que inverte os valores da família americana tenha sido tão bem acolhida por lá. Nada em “Modern Family” corresponde à imagem da família tradicional e imaculada que o país insiste em defender – mas as questões, tratadas com imenso cuidado e bom gosto, tornam-se mais digeríveis pela abordagem, e permitem que o apelo da série se mantenha familiar. Um sinal claro de que as mudanças já chegaram e que a diversidade (cultural, sexual, racial, etária) finalmente é reconhecida e celebrada.

fonte: pipoca moderna

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